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Turismo Fortalecimento

O Plano Brasis e o Futuro do Turismo Religioso no Brasil

Plano Brasis oferece estrutura e visão para transformar roteiros de devoção em produtos turísticos globais

09/06/2025 às 08h00 Atualizada em 16/06/2025 às 11h10
Por: Igor Pereira Fonte: Por Sidnesio Moura
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Fé em movimento: Brasil tem chance de internacionalizar o Turismo Religioso
Fé em movimento: Brasil tem chance de internacionalizar o Turismo Religioso

Por Sidnesio Moura

O Turismo Religioso, apesar de representar parte significativa da identidade cultural brasileira e atrair milhões de fiéis anualmente, ainda não ocupa o devido espaço nas políticas estruturantes do turismo internacional. Em meio a esse cenário, o Plano Brasis – Nova Estratégia de Promoção Internacional do Turismo Brasileiro, elaborado por Embratur, Ministério do Turismo e SEBRAE, embora não mencione diretamente o Turismo Religioso, oferece caminhos valiosos para impulsionar o segmento com base em dados, governança e posicionamento de marca.

O Plano Brasis convida o Brasil a se reposicionar diante do mercado global, apresentando o país não apenas como destino de sol e mar, mas como território plural, diverso, sustentável e culturalmente rico. Essa visão abre uma brecha estratégica para que o Turismo Religioso, com seus santuários, romarias, festas devocionais e rotas de peregrinação, se encaixe como um ativo simbólico de grande valor internacional.

Cabe aos destinos e aos gestores públicos e privados apropriarem-se do Plano como referência para a formulação de seus próprios planos de marketing. Ao seguir suas diretrizes — que incluem inteligência de dados, segmentação de mercados, fortalecimento da marca destino e comunicação emocional — o Turismo Religioso pode se reposicionar, alcançar novos públicos e fortalecer sua imagem nos canais internacionais de promoção.

Exemplos como as Rotas Peregrinas no Brasil, já demonstram que há uma base sólida e autêntica a ser trabalhada. O desafio agora é consolidar esses destinos com identidade visual própria, conectados à narrativa nacional, investindo em qualificação, sinalização turística, hospitalidade e visibilidade digital.

Outro ponto destacado no Plano Brasis é a importância da governança e da articulação público-privada. Nesse aspecto, o Turismo Religioso precisa ser entendido como política transversal, envolvendo secretarias de turismo, cultura, infraestrutura, instituições religiosas, operadoras de turismo e empreendedores locais. O SEBRAE, inclusive, já atua em diversas frentes apoiando roteiros religiosos e capacitando agentes locais — e pode ampliar ainda mais sua presença com base no plano.

Destinos religiosos, santuários, rotas de peregrinação e manifestações de fé precisam ser entendidos como produtos turísticos potentes e alinháveis às diretrizes de internacionalização. É preciso que os estados e municípios com vocação religiosa elaborem seus próprios planos de marketing turístico tomando o Plano Brasis como referência. Isso permitirá desenvolver campanhas coerentes, atrativas e adaptadas aos mercados internacionais.

 

Portanto, mesmo não estando explícito no documento, o Turismo Religioso encontra no Plano Brasis uma oportunidade inédita de se alinhar às tendências globais de consumo turístico e se inserir no eixo da promoção internacional. É hora dos destinos religiosos estruturarem seus diferenciais, assumirem protagonismo e caminharem com clareza estratégica rumo ao fortalecimento de um segmento que não depende da sazonalidade e movimenta multidões movidas pela fé.

A governança proposta pelo Plano Brasis também favorece o Turismo Religioso. Ao incentivar a união entre o setor público, privado e o terceiro setor, o plano oferece uma base sólida para que os destinos possam se organizar em redes colaborativas — como os Convention Bureaux, os Conselhos Municipais de Turismo (COMTUR), e os Fóruns Regionais de Turismo — com planejamento, identidade e participação local.

O desafio maior, portanto, é que os gestores e empresários enxerguem no Plano Brasis uma oportunidade e não uma limitação. Que compreendam que o Turismo Religioso, mesmo não sendo citado literalmente, pode se apropriar das diretrizes do plano para se estruturar, se qualificar e se internacionalizar.

O Turismo Religioso tem a seu favor uma grande vantagem: não depende da sazonalidade. Festas religiosas, experiências de fé, turismo de peregrinação e eventos eclesiais acontecem ao longo de todo o ano, o que proporciona uma ocupação turística constante e sustentável. Municípios como Aparecida/SP, Juazeiro do Norte/CE, Santa Cruz/RN, Belém/PA e Trindade/GO já comprovam isso com fluxos estáveis que movimentam a economia e fortalecem a identidade local.

Mais do que eventos isolados, é hora de pensar o Turismo Religioso como indústria criativa, de experiências e de fé, capaz de movimentar economias locais, valorizar territórios e evangelizar por meio da cultura.

A fé não conhece fronteiras. E o Turismo Religioso, quando bem estruturado, também não precisa conhecer. Que o Brasil aproveite o momento do Plano Brasis para colocar esse segmento no lugar de destaque que ele já ocupa, de fato, no coração dos seus viajantes.

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